Quem virou jacaré foi o governo Bolsonaro, com suas táticas de provocar o caos que funciona contra ele mesmo.


     O governo de Jair Bolsonaro está nas manchetes do mundo como protagonista de um escândalo de suspeita de corrupção na intenção de compra de vacinas contra a Covid-19. Um deputado e seu irmão, servidor público do Ministério da Saúde, contaram ao país, incluindo os 57 milhões de eleitores de Bolsonaro, que o coordenador de logística do mesmo ministério fez pressão atípica para que ele acelerasse a compra da vacina indiana Covaxin. Os irmãos Luis Miranda e Luis Ricardo Miranda também revelaram encontro pessoal com Jair Bolsonaro para contar o fato. Se não fez nada para impedir as denúncias que ouviu, Bolsonaro teria então cometido crime de prevaricação. 

 

     Desta vez, o tumulto vem de fora, não é provocado pelo governo como nos ataques à imprensa, no negacionismo da pandemia, na gritaria contra a Globo e a CNN, nas falas rasteiras sobre Golden Shower, sobre jornalistas que o questionam, nem defesas de tortura e ditadura, aglomerações e sua pedagogia da morte. 

 

     Assim como as denúncias de rachadinhas de salários em gabinetes, patrocínio de atos antidemocráticos e de financiamento de robôs de rede social, esse escândalo não é cortina de fumaça para esconder sua incompetência: são fatos, é a realidade atrapalhando a rotina de bullying de um aventureiro que não vai deixar nenhum grande projeto, mas o alerta de que a democracia precisa de melhores mecanismos de defesa para evitar o autoritarismo. 

 

     Está acuado, cheio de problemas, tem um adversário de peso à frente das intenções de voto para 2022, mas esse governo ainda é um jacaré pronto para morder e machucar a democracia brasileira.

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